Fila Brasileiro: crença e paixão

Ainda há pouco (início de abril) estive a convite dos amigos fileiros, Dr. João Nunes e grupo, no estado da Bahia, especificamente em Salvador e Lauro de Freitas. O objetivo foi o de analisar cães mediante orientação do Cafib e integrar um grupo de discussão sobre a tipicidade da raça Fila Brasileiro.

Inegavelmente foi mais um grande momento para mim, primeiro pela generosidade e fidalguia dos que me receberam e segundo pela excelente troca de informações sobre a raça e pela qualidade dos exemplares observados e analisados, que expressam a seriedade e competência de seus criadores.

No decorrer de nossa estada assumi com o amigo João Nunes o compromisso de mensalmente escrever para a Regional Bahia do Cafib. Isto é na verdade uma honraria para mim, assim como o não merecido título de “mestre de criação” da regional, visto que para tanto não reuno condições, a não ser na amizade que cada um de seus integrantes me dedica, pelo que serei grato enquanto viver.
 

Neste sentido, dando início à coluna, optei por dois conceitos que deverão balizar os escritos que terão a raça canina Fila Brasileiro por motivo: a crença e a paixão.
Crença nas informações transmitidas sobre a raça, nos estudos e pesquisas e nas observações do cotidiano. Não há como ser criador ou proprietário de Filas, aficcionado pela raça ou mero observador sem levar em conta sua história, sua formação e sua sobrevivência. Assim, quem é o Fila, de onde e como veio até nossos dias? Naturalmente é assunto para muitos seminários, cursos e trabalho permanente de seleção. Mas, fundamentando e exprimindo o entendimento existe o inquestionável estudo do “Pai da Raça”, Doutor Paulo Santos Cruz.

É obvio e de conhecimento da grande maioria dos criadores, juizes de raça e amigos do Fila, que Doutor Paulo apoiou-se em colaboradores e estudiosos, sendo ele, no entanto, aquele que após anos de observações descreveu o padrão da raça e defendeu com esmero, capacidade e competência a história do Fila Brasileiro, sua gênesis e sua consolidação. Portanto aqui defino minha crença, pois não vejo fora do universo Paulo Santos Cruz fundamentações que abalem as convicções dele emanadas. E esta crença trilha também o caminho da organização e gerência deste padrão rácico, através da maior conquista dos estudos de então que foram perenizados pela constituição do Cafib. É este clube a expressão dos conceitos da história visto que ao incorporar o aprimoramento, fez-se de mãos dadas com a natureza para dela não perder este grande legado, o Fila Brasileiro.

Em momentos futuros, e contando com a colaboração dos juizes, criadores e amigos, dedicaremos esta coluna a histórias e estudos de Doutor Paulo e do Cafib. Por ora, importa deixar claro que para conhecer o Fila Brasileiro é importante crer na ação cuidadosa do “Pai da Raça” bem como nas orientações criteriosas e muito bem fundamentadas do Cafib e de seu programa de criação.
 

Mas não podemos deixar de lado o outro conceito acima citado: a paixão. Quem já conviveu ou convive com o Fila, sabe muito bem o que é isso. Estar com um Fila ao lado, de filhote até sua velhice, indiscutivelmente, aprende através deste extraordinário animal o que é companheirismo, docilidade, valentia e desprendimento. A paixão aqui se torna visível. O Fila a desperta. A ele confiamos à guarda de nossos espaços e entes queridos. Depositamos em seu caráter nossa segurança e temos a certeza de que, a troco de migalhas de afeto e carinho ele nos dedica sua própria vida. Por isso é apaixonante. Devemos-lhe as melhores condições para sua criação, visto que ele não economiza apego às pessoas de seu convívio, como também não esconde sua ojeriza àqueles que lhe são estranhos. Quando filhotinho é uma graça. Adulto é imponente, altivo, mas com aquele jeito bonachão, parecendo desengonçado, característica que lhe afirma a agilidade e explosão muscular.

Portanto, superficialmente apresento aqui estes importantes fatores que influenciam a criação e/ou contato com o Fila Brasileiro. Doutor Paulo nos deixou um grande legado que o Cafib tem por norma manter. E a paixão pela raça nos une de tal sorte a não deixar que se perca por falta de interesse ou compreensão.
Espero que a regional Bahia do Cafib receba muitos e muitos textos com as experiências obtidas por todos que se integrem pela paixão à raça e pela crença no programa de criação do Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro e nos estudos do saudoso e inigualável Paulo Santos Cruz.

Jonas Tadeu Iacovantuono
Guaratinguetá, SP

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