Alimentação (ideal) do Fila Brasileiro

I – Introdução
Sem nenhuma pretensão doutrinária, ou de ser expor “a verdade” sobre o tema, quero apenas transmitir minha (conquanto pequena) exeriência pessoal e, ao mesmo tempo, receber novos conhecimentos, tornar possível o esclarecimento de alguns pontos controvertidos e/ou obscuros; em suma, o objetivo maior é estimular o debate no grupo, possibilitando a difusão do conhecimento e da experiência pessoais de cada criador.

Desde que comecei a criação de Filas (em 1990, ainda que em tal época não tenha podido entrar em contato com exemplares realmente bons), o problema da alimentação ideal, especificamente as vantagens e desvantagens da escolha entre a chamada “comida caseira” e a ração industrializada, tem tomado algum tempo de meu cérebro.

Há pouco tempo, quando li, no site do Canil das Minas Gerais, que o proprietário, desejando recuperar a famosa e decantada rusticidade do Fila, havia levado seus cães para o campo, passando a fornecer-lhes comida caseira, bem como aplicando-lhes um manejo o mais natural possível, inclusive quanto a medicamentos, decidi que haveria de escrever alguma coisa sobre o assunto alimentação do Fila.

II – Tipos de alimentos
a. Comida caseira

Até alguns anos atrás, antes da “explosão” das (marcas/ tipos de) rações industrializadas, “... tínhamos tempo e nossos cães só comiam comida de panela, mas hoje a correria diária pede praticidade e é o que o produto industrial oferece” .

Na verdade, salvo engano, a “explosão” acima mencionada ocorreu (ocorre) em lugares específicos, em cidades de médio a grande porte, porque no interior, até hoje, os cães em geral ainda são alimentados com restos de comida caseira.

Quanto ao Fila, de forma específica, a tradição menciona que antigamente, no interior de Minas Gerais e em outros lugares, era alimentado, basicamente, com angu e leite.

Naquela época, não se pensava, não se falava, em “nutrição balanceada”, em complementos alimentares, em suplementação de cálcio, etc, sendo que, entretanto, os cães (incluindo-se os Filas) cresciam normalmente, fortes, saudáveis, vivendo longos anos, revelando uma característica especial – rusticidade (aqui, no sentido de capacidade para resistir bem às variações climáticas, às intempéries, às doenças em geral) - que, atualmente, pelo que se observa, está longe de ser a regra...

No tocante, também não se pode esquecer o fato de que os cães do interior sempre tiveram mais liberdade - amplos espaços abertos, contato direto com os elementos naturais (vegetação, sol, chuva, frio, calor, etc) - o que não ocorre com os cães que são criados atualmente em cidades de maior porte...
Como já mencionei em outro lugar, meu pai sempre criou cães, embora nunca tenha se interessado em criar/selecionar raças puras.

No estado de São Paulo (região de Osvaldo Cruz), onde nasci, depois no estado do Paraná e, finalmente, no Norte de Goiás (de 1971 até 1980), atualmente Tocantins, tivemos propriedades rurais, nas quais nunca faltaram cães....

Ressalto que em nossa casa não havia referência à raça Fila Brasileiro; sendo que os cães que possuíamos (a maioria) eram mestiços, animais de médio a grande porte, pelo curto, cabeça pesada, com orelhas e cauda amputados (em geral) e denominados “bordogues”. Em referência, lembro-me de que, em certa ocasião, quando meu pai conversava com um amigo na varanda da “sede” da propriedade (localizada perto da cidade denominada Guaraí, no estado [atual] de Tocantins), este, ao ver um de nossos cães (um enorme cão amarelo, com máscara negra, chamado de “Jagunção”), opinou que o referido cão era da raça “Nacional”... Foi a única passagem, naqueles tempos, que poderia se referir a um Fila...

Tais cães eram alimentados com leite e, algumas vezes, farinha (de manhã), e com resto de comida - angu, arroz e carne (à noite). Não me recordo de um que tenha apresentado algum dos problemas físicos que normalmente ocorrem no Fila hoje em dia (jarrete de vaca, displasia, p. ex). Não me recordo de um, sequer, que tenha sido vítima da famosa “torção gástrica”. Os problemas eram outros: raiva, picada de cobra, disputas por fêmeas e terrritório, coices, chifradas, etc.

Como disse, desde o início de minha criação de Fila, tive, como muitos outros, o cuidado de fornecer aos meus cães um tipo de alimentação que, além de nutritivo, também fosse saboroso e de fácil digestibilidade.

Pensando (primeiramente) em agradar ao paladar dos cães, e também (confesso) embuído da idéia (preconceito/desconhecimento de fatos) de que a ração industrializada favoreceria, por conter aditivos/conservantes químicos, o surgimento de doenças graves, servi aos meus Filas, nos primeiros anos, apenas comida caseira (mistura de arroz, carne e legumes [abóbora, chuchu, cenoura, beterraba e repolho]).

Todos os dias minha esposa, com muito carinho e dedicação, cozinhava em um "panelão" específico os ingredientes acima mencionados.

Após um (01) ano de idade, meus cães comiam apenas uma vez por dia.

Eles desenvolveram-se muito bem e rapidamente... É certo que apresentaram alguns problemas de saúde; porém, não foram problemas relacionados ao tipo de alimentação que lhes fornecia, já que, em outra fase, quando passei a fornecer-lhes apenas ração industrializada, alguns problemas (crônicos) - que apresentaram desde filhotes – permaneceram!
Tais problemas, creio, eram geneticamente transmitidos e decorrentes da falta (atual) de rusticidade do Fila – habitante das cidades ...
É inegável que, vez ou outra, meus cães apresentaram problemas, do tipo "soltar o estômago", ou mesmo diarréias leves, mas nada que também não apresentassem durante a fase quando comeram apenas ração.
Nunca ocorreu o problema de torção gástrica com meus cães!
Foram alimentados de tal forma por um grande período – em torno de cinco anos!

Certa vez, conversando com um criador aqui da cidade, residente em bairro próximo ao nosso, ao ser inquirido sobre o tipo de alimentação que fornecia aos meus cães, respondi que dava somente comida caseira, já que "tinha pena de lhes fornecer ração"...

Citada pessoa respondeu-me (ipsis verbis) "... eu tenho pena também, mas é pena de dar comida caseira aos meus cães, porque a comida caseira faz cair muito pêlo deles..... "(!)
Ao ouvir tal resposta, refleti, pela primeira vez, no fato de que, realmente, meus cães apresentavam excessiva queda de pêlos.

A partir de tal momento, resolvi que, progressivamente, trocaria a alimentação caseira pela ração industrializada. Fiz isso e, de fato, a partir de então o problema mencionado (queda excessiva dos pêlos) diminuiu muito, mantendo-se em um nível aceitável e considerado normal.

b. Ração industrializada

As vantagens da ração industrializada, como não poderia deixar de ser, já que o comércio específico proporciona (aparentemente) muito retorno financeiro, envolvendo grandes cifras, são constantemente alardeadas, sendo bem conhecidas.

Menciona-se freqüentemente que as rações industrializadas são ideais porque contêm "... a quantidade ideal de nutrientes necessários para uma dieta balanceada".

Descontando-se o fato de que alimentos industrializados nunca têm o mesmo valor nutritivo dos alimentos servidos "in natura", as qualidades da ração industrializada não podem ser negadas...
Na atualidade, principalmente, quando a concorrência entre as marcas é muito grande, as empresas respectivas esforçam-se por oferecer aos proprietários de cães produtos que tenham de fato grandes qualidades nutritivas e digestivas.

E, ao lado de tais qualidades nutritivas, a ração industrializada, também apresenta, além da questão acima mencionada (diminuição na queda dos pêlos dos cães), uma outra grande vantagem: a praticidade na alimentação dos nossos amigos caninos.

Hoje em dia, quando as distâncias são longas e o tempo sempre curto, poucas pessoas teriam condições de preparar, diariamente, um "panelão" de comida caseira para seus cães; principalmente no caso daquelas pessoas cujos canis/cães são cuidados por tratadores/empregados!

Mesmo no caso daquelas pessoas que criam cães no quintal, e pessoalmente dão a eles a alimentação diária, a ração, no caso de viagens, ainda se mostra vantajosa – já que, além de ser mais prática, pode ser servida em comedouros automáticos, por exemplo.

Assim, reunindo as qualidades acima mencionadas, a ração industrializada foi conquistando um espaço cada vez maior entre os criadores, haja vista o número elevados de marcas que hoje temos à disposição!
Mas, como perfeição, de uma forma geral, ainda é um sonho, a ocorrência de alguns problemas, especialmente a temida “torção gástrica”, logo foi relacionada, por muitos criadores, à alimentação – exclusiva - de ração “seca”.

Pelo que se observa, existem muitos artigos/estudos que enfocam a torção gástrica. Embora todos eles definam, de uma forma geral, o problema e os sintomas específicos, a maioria não ousa afirmar que a causa seria a ingestão, exclusivamente, de alimento sólido - no caso a ração industrializada ...
Um desses estudos, porém, afirma que “... Cães que são alimentados exclusivamente de ração seca têm mais chances de ter torção gástrica que os cães que se alimentam de ração enlatada ou uma mistura de ração seca e enlatada. A ração seca tem a tendência de aumentar dentro do estômago, já que ela absorve os seus fluidos. Isto pode ser demonstrado claramente, adicionando água quente na ração e deixando descansar por 10 minutos. 

O volume de comida aumentará incrivelmente, já que ela absorveu a água...” .
Tais estudos, e a própria experiência dos criadores, determinaram a criação de algumas “dicas” para evitar a torção gástrica: dividir a alimentação diária em duas ou mais vezes; não deixar o cão correr antes e após as refeições, por no mínimo 01 hora; não fornecer água ao cão logo após as refeições, aguardando pelo menos 01 hora; alternar a alimentação diária dos cães, com alimentos sólidos e líquidos; misturar um pouco de óleo de cozinha à ração diária dos cães; misturar a ração "seca" com a enlatada, etc.

A preocupação com o problema da torção gástrica é tanta, que um conhecido criador (ligado à CBKC), opinou que "... A refeição do Fila deve ser feita em um ponto semelhante ao da canja (nem muito pastosa nem muito líquida), o que evita que o animal beba água em excesso e tenha torção".

Eu alimento meus cães (adultos) da seguinte maneira: forneço duas refeições diárias, uma de manhã e outra à noite; após cada refeição, eles são presos, ficando fechados no mínimo por uma (01) hora, não tendo água à disposição em tal período.

De outro lado, não dou a eles apenas ração "seca"... Algumas vezes por semana (02 a 04), misturo à ração um pouco de carne moída e/ou uma colher (pequena) de óleo (sobra de frituras).
Ainda além, como suplemento alimentar e até mesmo pensando em prevenir alguns problemas, entre eles a torção gástrica, forneço-lhes, também, leite e frutas específicas (mamão, banana e maçã), sendo que tais alimentos sempre são fornecidos com temperatura normal, ou seja, nunca estão gelados.

c. Leite
Suas qualidades nutritivas são notórias... Contudo existem controvérsias a respeito de sua ingestão por seres humanos e mesmo por cães.

Para uns, o leite deveria ser ingerido diariamente, já que, além de possuir altíssimo valor nutritivo, preveniria problemas de saúde em seres humanos, como a osteoporose, por exemplo.

Em um livro excelente ("Medicina Natural"), o Dr. Márcio Bontempo, discorrendo sobre o leite, afirma que "... No reino animal, cada espécie produz o leite apropriado para sua cria; embora alguns sejam bem tolerados pelos bebês – como o de vaca e o de cabra, por exemplo – e até apresentem maiores quantidades de proteínas e outros nutrientes que o leite materno, eles não são adequados para o ser humano. Comprovadamente, provocam diversos tipos de reações alérgicas, além de estarem ligados a futuros problemas reumáticos, calcificações articulares, arteriosclerose e aterosclerose."
Como se observa, a questão é realmente polêmica, considerando que as afirmativas acima expostas podem ser (e são) constestadas por muitas pessoas, médicos inclusive, que afirmam o contrário.

Não tendo condições (conhecimento) para defender um lado ou outro, opino apenas que, tanto em relações a seres humanos como em relação a cães, as diferentes constituições individuais tanto podem confirmar, quanto podem desmentir, referidos entendimentos; havendo exemplos concretos de ambas as teses.
Em relação aos cães, aqueles que afirmam ser o leite um alimento inadequado, via de regra mencionam o problema da lactose, isto é, o açúcar existente no leite dos mamíferos ocasionaria freqüentes diarréias...

Em um texto aparentemente "patrocinado" pela marca Guabi, foi mencionado que
"... O leite de vaca, apesar de saboroso e disponível, carrega em sua composição níveis elevados de açúcar (lactose), cuja quantidade é pouco tolerada por cães e gatos, favorecendo episódios diarréicos."
Não ousaria afirmar o contrário, ao refletir que tais opiniões devem resultar de experiência prática da questão...
Todavia, no meu caso, o problema acima referido (diarréias e problemas correlatos causados pela ingestão de leite) nunca ocorreu, a despeito do fato de que, quando passei a utilizar apenas a ração industrializada, forneci leite, diariamente, aos meus cães! Além do mais, como antes referi, em nossa família o leite sempre foi oferecido aos cães, sem maiores problemas...

Cito um exemplo atual: a cadelinha que trouxe de Belo Horizonte chegou em casa com dois meses. Pelo visto, era alimentada apenas com alimento sólido (ração), visto que, na manhã seguinte à sua chegada em casa, ao tentar evacuar, a dificuldade foi tanta que chegou a emitir gemidos... Desde o primeiro dia, ofereci leite a ela, ainda que em pequena quantidade... Na primeira vez em que teve o leite à disposição, demonstrou certa dúvida... Mas, após experimentar o sabor do alimento, terminou por consumi-lo inteiramente. Nos dias seguintes, mantive a prática de oferecer leite a ela, aumentando progressivamente a quantidade, até chegar a um total de meio (1/5) litro por dia, sendo que esta é a quantidade que - atual e diariamente - forneço.

Um fato deve ser destacado: o referido filhote nunca (até hoje) teve uma diarréia, nem mesmo uma simples "soltura de intestino", ainda que as fezes não tenham tanta solidez como as daqueles cães que são alimentados exclusivamente com ração. O contrário, isto é, ocorrência de diarréias, já ocorreu com um filhote de um amigo, o qual fornece apenas ração (diariamente) aos seus cães!

Assim, talvez, o problema da lactose possa ser minimizado (e até solucionado), após a tomada de algumas precauções, observando-se e respeitando-se a mencionada diferenciação entre as constituições individuais dos cães.

A quantidade diária a ser fornecida deve ser, no início, bem pequena, sendo aumentada aos poucos, até o organismo do animal adaptar-se a tal alimento líquido. No começo, é perfeitamente normal que ocorra a chamada "soltura de intestino", fato que, sem exageros, de vez em quando, é benéfico para os animais e até para os seres humanos...

Depois de alguns dias, não sendo notados maiores problemas, os cães estarão perfeitamente adaptados ao leite e, o que é melhor, apreciando-o bastante – principalmente aqueles que são alimentados apenas com ração industrializada!

No que toca à afirmativa (última) acima exposta, ressalto que, por melhor e mais saborosa que seja a ração, nunca será tão atraente para o cão quanto um alimento natural, como o leite, p. ex.... É certo que os cães costumam recusar, de vez em quando (principalmente em épocas de muito calor), a ração, não recusando, porém, o leite...

Conversando certa vez com um famoso criador (Dr. Iliano Pinto Ribeiro), este, ao ver a fotografia de um de meus cães (Anhembi do Itapuã – que era filhote na época) bebendo leite, comentou “... Meus Filas não gostam de leite!”. Na ocasião, sem argumentos, sem desconhecendo fatos da criação dele, nada respondi. Depois, porém, ao constatar que o Dr. Iliano alimentava seus cães, na época, basicamente com sobras de carne, conheci o motivo da recusa (“ojeriza”) dos mencionados cães por leite: o consumo diário de carne! De fato, já que os cães (como alguns seres humanos) que podem comer carne diariamente, via de regra, em princípio, recusam qualquer outro alimento!

Mas, uma outra ressalva deve ainda ser exposta: ao lado de indivíduos (ressalva que vale tanto para os seres humanos como para os cães) que são muito exigentes em matéria de alimentação, existem outros que “comem de tudo” e com avidez, não importando para eles o tipo de alimentação, desde que não passem fome ...
Assim, a despeito de algumas pequenas desvantagens ("não se pode levar vantagem em tudo, certo?"), como a menor solidez das fezes e um pouco mais de trabalho diário na alimentação dos cães, o fornecimento de leite (não necessariamente de forma diária, mas de 03 a 04 vezes por semana) poderia evitar certos problemas graves, como a torção gástrica, sendo benéfico para a saúde geral dos caninos.

d. Frutas

Existem vários estudos e várias obras que discorrem sobre as grandes vantagens do consumo regular de frutas.
Tais estudos enfatizam o fato de que tal consumo, além dos benefícios proporcionados pelos nutrientes (alguns deles seriam exclusivos de tais alimentos) que existem nas frutas em geral, proporcionaria prevenção contra vários tipos de doenças, algumas delas muito graves - como o câncer, p. ex.
Em resumo, o consumo regular (diário) de frutas saudáveis não teria “contra-indicação”, fato que recomendaria o consumo pelos seres humanos e igualmente pelos animais, no caso os cães!

Como já referi, dou a meus cães, algumas vezes por semana, três tipos de frutas (banana, maçã e mamão), as quais, além da laranja, são consumidas por mim e por minha família, diariamente.
Tais frutas são oferecidas com temperatura normal, em pedaços, podendo ser consumidas sem a casca (no caso da banana) ou com ela (no caso do mamão e da maçã), sendo que é oferecida apenas uma de cada vez, e não duas ou três em conjunto (embora não saiba de contra-indicação para tal prática...).

Além do sabor muito agradável, as espécies declinadas são de fácil digestibilidade, fatores que determinaram a sua escolha para oferecimento aos cães!

No que se refere às qualidades nutricionais, haverá, a seguir, apreciação específica; sendo que, no enfoque individual, ocorrerá necessária explanação a respeito do (desejável/recomendável) consumo por seres humanos, fato este que poderá reforçar a simpatia a respeito das frutas de um modo geral....

Como enfatizei no início, não tenho nenhuma pretensão doutrinária; muito menos desejo contrariar opiniões e modos de vida (tipos de alimentação cotidiana); almejando apenas contribuir (“... com um cêntimo que seja...”) para eventual melhoria da saúde dos cães - e dos proprietários (por que não?)...

1. Banana

Embora seja fruta muito comum, popular, largamente produzida em nosso País, sendo que, por isso mesmo, é de fácil acesso até mesmo às camadas mais pobres da população, suas extraordinárias qualidades nutricionais nem sempre são suficientemente difundidas.
Vejamos o magistério de algumas autoridades no assunto.
“... O título de “rainha das frutas” cabe, legitimamente, à banana. Musa paradisíaca chamam-lhe os homens da ciência. Se ela provém ou não do paraíso é coisa difícil de resolver, mas, dada a excelência dessa fruta, é bem provável que no Éden houvesse uma variedade de bananeiras produtoras de saborosíssimas bananas.
....

Sugestões e experiências médicas
 Diz o Dr. Teófilo Luna Ochoa:
"A banana madura ... encerra uma substância oleosa que muito suaviza as membranas mucosas irritadas em caos de colite e enfermidades do reto. Contém igualmente um fermento digestivo não bem conhecido, porém de alto valor, que, em determinada enfermidade intestinal, a torna (a banana) a única fonte de carboidrato tolerada pela vítima, que doutra maneira, morre de fome...
`Essa fruta é muito recomendável também contra as enfermidades renais, nefrite, hidropisia, gota, obesidade, afecções do fígado, cálculos biliares, tuberculose, escrufulose, paralisia, enfermidades do estômago, etc..."
....
A banana é bom para as enfermidades do intestino. Metchnikoff, há muitos anos, observou que as substâncias tóxicas resultantes da putrefação dos resíduos alimentares {principalmente carne e queijo, segundo alguns naturalistas...} no intestino grosso, enquanto esperavam sua eliminação, causavam processos degenerativos no organismo, principalmente nos vasos sangüíneos e, pelas suas observações, foi levado a chamar o coli-bacilo de `germe da velhice´.
Metchnikoff procedeu a várias experiências alimentares com animais de diferentes espécies e, em alguns casos, obteve resultados altamente apreciáveis....


Um estudo feito pelos Drs. Weinstein e Bogin, da Escola de Medicina da Universidade de Yale, revelou que, durante a alimentação com bananas, o bacilo acidófilo, microorganismo anti-putrefativo, predominou em poucas semanas. Num caso por eles observado, a influência desse bacilo continuou mesmo depois de cessada a alimentação com bananas.
 

A dieta de bananas maduras também deu resultados dos mais benéficos em todos os casos de prisão de ventre, dentro de uma ou duas semanas. Seu efeito, na maior parte das vezes, duraram algum tempo depois que a ingestão da fruta cessou.
Um doente, portador de uma antiga colite ulcerativa, obteve ótimo resultado com a mesma alimentação.
...
Blanche Whitney Walker, em The Boston Herald, refere o caso de uma criança (Bárbara Ann) salva da morte graças à alimentação à base de bananas.....
`Doença celíaca´, foi o diagnóstico feito pelo médico sobre essa indisposição que é mui raramente encontrada em crianças. Trata-se de uma indigestão intestinal´.
...

Valor Alimentício
...
O valor alimentício da banana reside principalmente no seu teor em hidratos de carbono, que vai de 20,80% na banana são-tomé a 36,80% na banana-ouro. Entre os sais minerais contidos na banana destacam-se o potássio, o fósforo, o cloro, o magnésio, o enxofre, o silício e o ferro.
A banana contém as vitaminas A, B1, B2, PP (Niacina) e C.
...
Nosso povo precisa conhecer o valor dos nossos mais ricos alimentos, entre os quais figura a banana, para que possa comer o melhor e o mais barato, não desperdiçando o que é tão adequado para a nossa saúde e economia...”. (in “As Frutas na Medicina Natural”, A. Balbach e D. Boarim, Edições Vida Plena, 1ª edição, pág. 60 a 68, São Paulo, 1995).


2. Maçã

Lembro-me de quando era criança: a maçã (geralmente importada da Argentina) era uma fruta quase inacessível aos brasileiros de classe média-baixa, porquanto era vendida por preços muito elevados.
Hoje em dia, como o nosso País, de uma forma geral, aumentou muito a sua produção, caíram conseqüentemente os preços de certos alimentos, entre eles o da maçã... Além do mais, produzimos excelentes maçãs “nacionais”, sendo que destaco a variedade chamada “Fuji”, a qual, para mim, é mais saborosa do que qualquer uma importada!
Na obra acima citada, menciona-se que:
Uso Medicinal

A maçã é um depurativo do sangue. Em virtude do seu conteúdo em ácido málico, elimina os detritos provenientes do metabolismo.
As curas de maçã combatem a gota e o reumatismo. Lecrerc afirma que uma dieta de 100 gramas de maçã, como parte da primeira refeição, produz apreciáveis efeitos antiartríticos.
... É um alimento de mérito nas dispepsias infantis.
... De modo geral, a maçã é boa para as afecções das vias respiratórias.
As afecções da garganta em geral se combatem com uma dieta de maçã acompanhada de gargarejos de suco de maçã. Quentes, curam a rouquidão.
O suco da maçã também combate a difteria, as febres, os cálculos da vesícula e dos rins, as inflamações da bexiga e do aparelho urinário, os catarros intestinais, o transtornos da gravidez.
...

Valor Alimentício
“A maçã é a rainha das frutas”, afirma-se em muitos lugares. Possui valiosas qualidades nutritivas, ...
Os médicos antigos aconselhavam comer uma mação antes de ir para a cama.
...

Os ingleses dizem:”One apple a day keeps the doctor away” (“uma maçã por dia mantém o médico distante”).
Dado seu conteúdo em vitaminas (A, B1, B2, C) e em sais, especialmente de potássio, fósforo, sódio, ferro, etc., é um alimento especial para as crianças, para as pessoas que exercem atividades mentais, para as mães que amamentam e para os convalescentes. Comendo maçãs cruas, bem maduras, sentir-se-ão mais dispostos e saudáveis.
 

Maçã é muito bom especialmente para os indivíduos que sofrem de transtornos vários em virtude de terem muito tempo abusado dos alimentos cárneos, dos pescados, etc.
...
O elevado teor de pectina na maçã, um glicídio não digerível, torna esta fruta especialmente indicada nos distúrbios gastrointestinais, como diarréia, colite, etc. Esta fibra age como colóide hidrófilo, retendo elementos em trânsito como água e sais minerais e favorecendo, destarte, a função intestinal...” (obra acima citada, páginas 150/156).


3. Mamão

Não é segredo para ninguém que a saúde inicia-se por uma boa digestão...
Assim, a fruta acima referida, sendo (talvez) a substância alimentar mais digestiva que existe, deveria ser (se não apreciada) ao menos valorizada por todos aqueles que dão importância mínima à sua própria saúde.
Considero-me uma pessoa privilegiada, porquanto, apreciando quase todas as frutas, consumo largamente estas que ora estão sendo enfocadas, especialmente o mamão. De tal forma, vez por outra, estou “aconselhando” pessoas conhecidas a consumir mamão, ao enfatizar suas características e qualidades especiais.
Como alguns, penso que o mamão é um daqueles grandes presentes da natureza para o ser humano!
Não desconheço que muitas pessoas não apreciam frutas, sendo que muitas delas não toleram o mamão, especificamente (meu filho, de 06 anos, detesta mamão ... Espero que, com o passar dos anos, mude tal atitude)...

É muito comum ouvir-se de algumas pessoas o seguinte argumento para o não consumo de mamão: “... ele solta o intestino...”. Certa vez, quando prestava um concurso específico em Campinas-SP, ao terminar o jantar, acompanhado por dois amigos (concursandos), um deles, depois de ouvir minha dissertação sobre as qualidades desta fruta, respondeu:
 
“... Se a pessoa não for regulada, tudo bem, mas, se for regulada, não dá... porque o mamão libera demais...”(!).

Na ocasião, nada respondi a ele, preferindo respeitar o seu entendimento. A tal argumento, aqui, responderia o seguinte: é tudo uma questão de adaptação paulatina do organismo!
A experiência prática tem demonstrado que, em geral, as pessoas que não simpatizam com esta fruta mostram uma tendência “carnívora” (ou seja, têm a carne como seu principal alimento diário!).
Na verdade, o fato de o mamão “soltar” o intestino e/ou “liberar demais” é benéfico para as pessoas, já que isto promove verdadeira limpeza interna, removendo toxinas; principalmente naqueles indivíduos cuja alimentação diária é feita principalmente de carne e derivados!

"... O mamão é uma das melhores frutas do mundo, tanto pelo seu valor nutritivo, como pelo poder medicinal. Um dos seus mais importantes princípios é a papaína, uma enzima reconhecida como superior à pepsina e muito usada para prestar alívio nos casos de indisgestão aguda. Também tem efeitos benéficos sobre os tecidos vivos.
O leite de mamão está tendo tantas e tão variadas aplicações nos Estados Unidos, que já existe nesse país uma florescente indústria destinada a colhe-lo, manipulá-lo e comercializá-lo.
...

Uso Medicinal
Observado ao microscópio, o mamão revela possuir grandes glóbulos de gordura.
O exame microscópico mostra também que o mamão encerra um fermento solúvel, a papaína, mais abundante no fruto verde do que no maudro. Daí a prática, aliás muito comum, de riscar o fruto longitudinalmente, para apressar-lhe a maturação, pois as incisões eliminam grande porção do látex nele contido.
...

O mamão maduro é digestivo, diurético, emoliente, laxante, refrescante, etc.
...
O Dr. John Harvey Kellog proclamou o mamão "o mais poderoso digestivo", recomendando entusiasticamente seu uso a todos os que sofriam de dificuldades digestivas, pois o estômago sensível, que não pode tolerar comida, encontra nessa fruta um alimento delicioso e calmante, capaz de dar ao referido órgão o descanso necessário ao processo curativo.
.... a experiência prova que a papaína, fermento solúvel fornecido pelo mamão, é capaz de digerir rapidamente duzentas vezes seu próprio peso em proteínas.
........................................................
A papaína (fermento do mamão) tem sido aclamada como uma valiosa ajuda nos casos crônicos dos males do estômago, putrefação intestinal, prisão de ventre, flatulência...

Valor Alimentício
...
O fruto maduro, se é algo amargo, isto é, se contém doses apreciáveis de papaínas, possui boas qualidades digestivas.
O mamão é um alimento aperiente e ideal para o desjejum, pois contribui para satisfazer as exigências nutrimentais do organismo, de manhã, e "limpa" o aparelho digestivo. Auxilia, além disso, na manutenção do equilíbrio ácido-alcalino do corpo e, nesta função, sobrepuja o próprio melão, que é considerado um dos melhores álcali-formadores.

O mamão é rico em vitaminas e minerais, fornecendo quota generosa de vitamina A (pró-vitamina), vitaminas do complexo B e rico teor de vitamina C. Para aumentar o aproveitamento de ferro numa refeição, pode-se comer o pão preto (integral de gergelim) com boa quantidade de mamão.". (obra acima citada, páginas 160/167).


III. Conclusão
Embora a análise (principalmente dos itens comida caseira e da ração industrializada) tenha sido algo superficial, considerando a pretensão singela deste escrito e o fato, já mencionado, de que o objetivo maior é estimular o debate e exposição de conhecimentos por parte de criadores mais experimentados e das pessoas mais capacitadas, espero que alguma coisa possa ser aproveitada - daquilo que foi exposto.
Os conceitos, teses e opiniões transcritos falam por si mesmos ...
No mais, que venham os acréscimos....!

Agenor Gracindo de Oliveira

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